Risco: o tempero invisível dos seus investimentos
Todo investidor já ouviu a máxima: “maior risco, maior retorno”. Mas o que pouca gente para para pensar é de que tipo de risco estamos falando, e o mais importante: se esse risco pode ou não ser evitado. Mas, para saber disso, tem que saber o que é Risco Sistemático e Risco Não Sistemático.
Imagina a seguinte cena: você tem uma carteira de ações bem diversificada, com banco, energia, tecnologia, saúde… Mas, aparentemente do nada, uma guerra se inicia do outro lado do mundo e o mercado inteiro entra em pânico. Consequentemente, todas as suas ações da sua carteira caem e fica a pergunta:
“Isso é culpa de qual risco?”
Agora, pense em outro cenário: você está investido pesado em uma empresa só, e ela é acusada de fraude contábil, como aconteceu com a Americanas. O mercado até sobe, mas sua ação despenca. Esse pode ser considerado o mesmo tipo de risco?
A resposta é: não.
Esses dois casos representam dois mundos diferentes do universo dos investimentos: o risco sistemático e o risco não sistemático.
Entender o que são e a diferença entre esses dois riscos pode ser o divisor de águas entre montar uma carteira sólida ou caminhar direto para o fracasso financeiro.
Porque só quando você sabe quais riscos podem ser controlados (e quais não podem), você consegue tomar decisões mais inteligentes, equilibradas e alinhadas com o seu perfil de investidor.
Neste artigo, você vai descobrir:
- O que exatamente são risco sistemático e risco não sistemático;
- Como esses dois tipos de risco impactam sua carteira de investimentos;
- O que você pode fazer para reduzir (ou se proteger) de cada um;
- E por que essa distinção é uma das chaves para montar uma carteira eficiente.
Se você quer parar de investir no escuro e começar a entender o jogo do risco de verdade, leia esse post até o final.
O que é Risco Sistemático e Risco Não Sistemático, afinal?
Pra começar, imagine que você está construindo uma casa. O risco sistemático é como o clima da região: você pode até se preparar, usar bons materiais, mas se vier uma tempestade ou um terremoto, todos que moram na vizinhança serão afetado. Já o risco não sistemático é como a qualidade do encanamento que você escolheu: se estourar, o problema é só seu, porque foi uma escolha específica e pontual que deu errado.
Agora, trazendo isso para o mundo dos investimentos.
Risco Sistemático
É aquele que afeta todo o mercado, ou pelo menos uma grande parte dele. Não importa se você tem ações de bancos, elétricas ou tecnologia. Quando esse risco entra em jogo, todo mundo sente.
Alguns exemplos são:
- Crises econômicas globais;
- Alterações bruscas na taxa de juros;
- Guerras, pandemias, catástrofes climáticas;
- Mudanças estruturais na política econômica de um país.
O risco sistemático não pode ser eliminado com diversificação, porque ele atinge praticamente todos os setores. Ele é o “risco do sistema” mesmo, e é por isso que o chamamos assim.
Risco Não Sistemático
Agora, o risco sistemático é o risco específico de uma empresa ou setor. Ou seja, ele pode ser reduzido com diversificação.
Alguns exemplos comuns de risco não sistemático são:
- Problemas de gestão em uma empresa (como a Americanas);
- Greve em uma fábrica específica;
- Perda de patentes;
- Escândalos de corrupção localizados.
Se você está exposto apenas a uma ação ou a um setor, e algo ali dá errado, o impacto pode ser enorme. Mas se você tem outras empresas na carteira, o tombo é suavizado. Por isso, o risco não sistemático também é chamado de risco diversificável.
Então, só para recapitular:
- Risco sistemático = inevitável, geral, macroeconômico.
- Risco não sistemático = evitável, específico, microeconômico.
E é justamente por isso que todo gestor sério bate tanto na tecla da diversificação. Porque ela não te protege de uma crise mundial, mas te protege de quebrar por culpa de uma única alocação mal feita.
Quando o risco sai do papel: exemplos reais
Para sair um pouco da teoria, vamos dar uma olhada em como o risco sistemático e o risco não sistemático se manifestaram em situações reais que afetaram o bolso de milhões de investidores, no Brasil e no mundo.
Exemplo de risco sistemático: pandemia da Covid-19 (2020)
Quando a pandemia estourou em 2020, o mundo parou, quase que literalmente. As bolsas despencaram, o petróleo ficou com preço negativo, e até os investimentos considerados mais seguros passaram por momentos de instabilidade.
O Ibovespa caiu mais de 40% entre fevereiro e março de 2020, puxando praticamente todas as ações para baixo.
Não adiantava estar em banco, varejo ou energia. O mercado inteiro derreteu.
Isso é risco sistemático puro: ninguém escapa. A diversificação não eliminou o risco, só ajudou alguns a caírem menos.
Exemplo de risco não sistemático: caso Americanas (2023)
Em janeiro de 2023, a Americanas revelou um rombo contábil de R$ 20 bilhões. Resultado? As ações desabaram mais de 70% em um único dia.
Mas, mesmo com isso, o Ibovespa estava relativamente estável. Outras varejistas como Magazine Luiza e Via também não sofreram na mesma intensidade. Ou seja: foi um problema específico da empresa.
Quem estava com o portfólio concentrado ali, levou um tombo feio. Já quem diversificava, viu a dor ser bem menor.
Como se proteger de cada tipo de risco
Agora que você entendeu o que é risco sistemático e risco não sistemático e viu como eles se manifestam na prática, é hora de pensar no que realmente importa: como se proteger.
Risco não sistemático: diversificação é a chave
Como já vimos, esse tipo de risco é específico de uma empresa ou setor. E aqui, a boa e velha diversificação é a melhor arma.
- Invista em empresas de diferentes setores: não coloque tudo em tecnologia, ou só em varejo. Misture.
- Varie o tamanho das empresas: inclua tanto empresas consolidadas quanto aquelas com maior potencial de crescimento.
- Considere diferentes classes de ativos: ações, fundos imobiliários, renda fixa, até uma pitada de câmbio ou commodities.
O objetivo é simples: se uma parte da carteira sofrer, as outras garantem mais estabilidade. A diversificação não garante lucro, mas protege contra desastres específicos.
Risco sistemático: proteção, preparo e mentalidade
Já o risco sistemático não pode ser evitado com diversificação, porque ele atinge o mercado como um todo. Mas existem formas de se proteger ou, pelo menos, amortecer os impactos.
- Tenha uma reserva de emergência: liquidez é poder em tempos de crise.
- Inclua ativos defensivos na carteira: como ações de setores resilientes (energia, saúde), ouro ou dólar.
- Avalie seu horizonte de tempo: se você investe com foco no longo prazo, crises deixam de ser encaradas como algo desesperador e viram oportunidades.
- Evite alavancagem em tempos instáveis: amplificar o risco quando o mercado está em pânico pode ser um tiro no pé.
Rebalanceie a carteira com inteligência: ajustar a exposição ao risco sistemático conforme o cenário muda é um movimento estratégico.
Conclusão: risco não é vilão, é bússola
A maioria dos investidores iniciantes entra na bolsa querendo saber apenas quanto pode ganhar.
Mas os investidores que realmente prosperam aprendem a perguntar: qual risco estou assumindo?
Risco não é o inimigo. Na verdade, ele é um guia poderoso, uma bússola que aponta a direção do terreno que você está pisando. E entender a diferença entre risco sistemático e não sistemático é como sair do modo “piloto automático” e assumir o volante dos seus investimentos.
Quando você entende que nem todo risco pode ser evitado (mas muitos podem ser gerenciados), começa a tomar decisões mais inteligentes, mais alinhadas ao seu perfil, objetivos e momento de vida.
Quer arriscar mais? Ótimo. Mas saiba de onde vem o risco.
Quer jogar mais seguro? Excelente. Mas entenda que até o “porto seguro” balança com a maré global.
No fim das contas, investir nunca é sobre prever o futuro, e sim sobre estar preparado para ele. É esse tipo de mentalidade que vai te levar para o topo, se tornando um investidor de sucesso!
Esperamos que esse post tenha te ajudado. Até breve, equipe Três Centavos!