Qual é o melhor jeito de investir o seu dinheiro e multiplicar o seu patrimônio cada vez mais? Através de pequenos ou grandes aportes?
Existe alguma diferença nesse tipo de investimento ou, de um jeito ou de outro o resultado vai ser o mesmo? E, se existir essa diferença, é uma diferença boa ou ruim?
Em qual momento você está?
Essa é uma dúvida muito interessante e bem mais comum, principalmente entre os que acabaram de começar no mundo dos investimentos.
Mas, antes de tudo, é preciso entender algumas coisas.
Por exemplo, qual é o seu tipo de investidor?
E essa pergunta não se refere ao investidor conservador, moderado ou agressivo. Na verdade, o tipo de investidor que eu estou falando aqui é mais direcionado pra o momento da vida.
De um lado temos o indivíduo que quer aposentar o mais rápido possível e, do outro, temos alguém que pensa a longo prazo, que quer começar a construir um patrimônio e se aposentar 25 ou 30 anos depois.
Nesse artigo iremos dissecar os dois tipos de pessoa.
Aposentadoria rápida
Nesse primeiro caso, que é o da aposentadoria, se encaixa a pessoa com 65 anos, que não investiu nada durante a sua vida toda e só foi guardando o seu dinheiro na poupança.
Nesse caso, não é viável começar aos poucos agora. O ideal é investir todo o seu patrimônio de uma vez.
Mas, isso só funciona para o investidor que já tem uma quantia de dinheiro muito grande guardada, com no mínimo R$600 mil, R$700 mil, um milhão ou até mais.
Por exemplo, se ele investisse todo seu patrimônio de 1 milhão de reais em uma empresa com as ações custando R$40,00 e um dividend yield de 9% ele receberia, aproximadamente, R$7.500,00 por mês.
Porém, é importante lembrar que o ideal é nunca usar todo o valor recebido em dividendos. Sempre reinvista os proventos que você recebeu, principalmente pra evitar o poder de corrosão da inflação.
E claro, essa é uma situação hipotética e a maior parte das empresas não paga mensalmente e a gente tá fazendo só uma simulação aqui.
Outro fator importante é que o investimento não deve ser feito em uma empresa só. A sua carteira deve ser diversificada e possuir outros ativos também.
Longo prazo
Agora, no segundo caso, podemos pensar em alguém na casa dos 20, 22 anos. Na melhor das situações, ele ainda mora na casa dos seus pais e tem a sorte de não ter que se preocupar com nenhuma conta.
Geralmente, esse tipo de pessoa não tem um patrimônio gigantesco para fazer grandes aportes de uma vez, a não ser que venha de uma família muito boa ou seja herdeiro.
Quem começa a investir nesse período da vida escolheu a melhor época possível. As pessoas dizem que não há uma idade certa para começar, quanto mais cedo, melhor.
Essa é uma realidade completamente diferente do exemplo da pessoa com 60 anos de idade, que não pode errar, ou seja, não possui uma margem de erro para se arriscar.
Quando você é mais jovem você tem mais chances de errar e aprender, porque você já está esperando colher os resultados daqui muitos anos e, mesmo que haja erros no começo, os juros compostos farão a sua mágica.
Então, mesmo com esses erros, é muito provável que na hora que você tiver 60 anos, seu patrimônio ainda será bem expressivo.
Afinal, pequenos ou grandes aportes?
Agora, mais do que nunca você deve estar querendo saber qual é mais vantajoso então? Pequenos ou grandes aportes?
Claramente, grandes aportes são melhores, mas qual a razão disso?
Custo de aquisição por ação
Quando você investe uma quantia maior de dinheiro em um ativo, como uma ação, o custo de aquisição por ação muitas vezes pode ser menor.
Isso ocorre especialmente se você considerar taxas de corretagem ou outras taxas fixas associadas à compra: quanto mais ações você adquire com um único aporte, menor é o impacto dessas taxas no custo médio por ação.
Além disso, ao fazer aportes maiores, você pode obter uma quantidade significativa de ações enquanto o preço está baixo, reduzindo o custo médio de aquisição ao longo do tempo.
Isso pode ser visto claramente na imagem abaixo, fruto de uma simulação de um investimento durante 20 anos na TAEE11, de 2003 a 2023.
Perceba que o desembolso inicial foi de R$15.000,00 e os dividendos, juntamente com os juros compostos transformaram esse patrimônio em mais de R$300.000,00.
Dividend yield on Cost
Outro fator que deve ser levado em consideração nessa batalha de pequenos ou grandes aportes é o dividend yield on cost.
Ele se refere ao rendimento de dividendos que você recebe com base no seu custo original de aquisição da ação, e não com base no preço de mercado atual da ação.
Por exemplo, se você compra uma ação por R$100 e ela pague um dividendo anual de R$5. O dividend yield com base no seu custo seria de 5%.
Agora, se a ação valorizar e valer R$150 e você ainda receber 5%, você terá um retorno maior se comparado a quem comprar essa ação a R$150, já que você adquiriu a mesma ação por um preço menor.
Ou seja, seu dividend yield on cost será maior.
Assim, ao fazer aportes maiores quando os preços são baixos, você pode bloquear um dividend yield on cost mais alto, beneficiando seus retornos ao longo do tempo.
Juros Compostos
O juro composto refere-se ao processo pelo qual um investimento gera rendimentos, e esses rendimentos, por sua vez, geram seus próprios rendimentos, fazendo o dinheiro trabalhar por você.
Ao fazer aportes maiores, você coloca mais dinheiro para trabalhar desde o início. Isso significa que, à medida que seus investimentos geram rendimentos, esses rendimentos são calculados sobre uma base maior.
Por exemplo, se você investir R$ 10.000 com uma taxa de retorno anual de 5%, após 10 anos, você teria cerca de R$ 16.386 (considerando o efeito dos juros compostos).
Mas, se você investisse R$ 20.000 sob as mesmas condições, teria R$ 32.772. A diferença entre os montantes finais é maior do que a diferença nos aportes iniciais devido ao poder dos juros compostos.
Então, nessa disputa de pequenos ou grandes aportes, quem se sai melhor são os grandes aportes.
Porém, isso não quer dizer que você não deve investir se você tem pouco dinheiro. Muito pelo contrário.
O ideal é começar o quanto antes e evoluir gradualmente até que você consiga fazer aportes expressivos. Para facilitar o processo você pode procurar aumentar sua fonte de renda, economizar e por aí vai.
Mas não deixe de começar, mesmo que seja com apenas R$100,00.